Um senso de retidão, ou justiça, é um assunto tão comum que você pode achar que dificilmente será necessário discuti-lo. No entanto, como esse assunto trivial é surpreendentemente negligenciado hoje, sinto que devo escrever mais sobre ele.

Digo isso porque, quando olhamos ao redor e observamos todos os aspectos do mundo, descobrimos que, em cada fase da vida, o interesse próprio é tudo o que preocupa a maioria das pessoas, tanto que não é muito errado para dizer que há pouco senso de justiça aparente em alguém. Portanto, se alguém mencionasse um senso de justiça, não seria apenas considerado um indivíduo antiquado, mas seria visto com desprezo.

As pessoas podem pensar que podem conviver muito bem com essa atitude, mas, contrariamente às suas expectativas, muitas vezes enfrentam falhas e contratempos e passam por dificuldades repetidamente. No entanto, a verdade é que eles aceitam isso como realidades comuns da vida, sem perguntas ou dúvidas, e seguem em frente sem nenhum pensamento profundo.

Do nosso ponto de vista, existe uma causa definida para este estado de coisas, embora as pessoas em geral não saibam disso. Não é nada além da falta de senso de retidão, sobre a qual estou escrevendo. Essa falta se deve ao fato de que a maioria das pessoas é continuamente agredida com vários tipos de pensamentos negativos e, como resultado, seus corpos espirituais tornam-se tão nublados que ficam cegos; eles não podem ver o certo ou o errado de nada. Por muito tempo, observei cuidadosamente as fortunas e infortúnios de todos os tipos de pessoas e, a partir dessas experiências, posso verificar o quão verdadeiro isso é.

Deixe-me explicar a razão básica de haver tão pouco senso de justiça. É porque a maioria das pessoas não está ciente do mundo espiritual, que definitivamente existe embora seja invisível, e eles não conhecem a Lei Divina que o governa. Esta Lei Divina, diferente da lei humana, é exata e justa, julgando todas as ações humanas sem parcialidade. Infelizmente, porém, a maioria das pessoas não está ciente disso, não pode acreditar se ouvir sobre isso; assim, eles próprios estão criando as causas de seus infortúnios.

Sendo assim, a maioria das pessoas diz coisas boas ou inteligentes e tenta fazer uma boa aparência, sempre fazendo de tudo para se apresentar como valendo mais do que seu valor real. No entanto, como declarado acima, Deus está observando cada indivíduo com Seus olhos que veem por completo, alcançando todas as profundezas do coração e da mente de cada um; e a fortuna ou infortúnio de cada um é decidida de acordo com a medida exata do bem ou do mal dentro dele. Não há como escapar disso.

Mesmo essa lógica simples não pode ser entendida pela maioria dos indivíduos – não apenas por pessoas comuns e sem educação, mas mesmo pelos chamados indivíduos inteligentes e notáveis. Isso porque enxergamos apenas a superfície das coisas no mundo material, não tendo consciência do mundo espiritual interior, que é a parte essencial de tudo. É por essa razão que eles estão se esforçando tanto para enganar os outros, esforçando-se, fazendo cara de falso perante o mundo, pensando que esta é a maneira mais inteligente de viver. Devemos dizer que eles são as criaturas mais lamentáveis, pois sempre experimentam resultados contrários às suas expectativas; nada vai bem para eles. E, no entanto, eles não percebem por que isso acontece.

O mundo é quase inteiramente feito de pessoas que pensam assim, desde as classes mais altas até as mais baixas. É por isso que o número de criminosos está crescendo constantemente e há cada vez mais insegurança social. Como resultado natural, quando alguns indivíduos planejam fazer algo, muitas vezes são frustrados e falham. Há outros que não só veem perder todo o seu trabalho, mas também são criticados no jornal ou mesmo chamados a tribunal.

Estou fazendo todos os esforços possíveis para despertar essas pessoas, que, a meu ver, são indivíduos “estúpidos-astutos”. A única maneira de despertá-los é ajudá-los a reconhecer a realidade de Deus. Isso, eu percebo, é uma coisa extremamente difícil de fazer. A razão, como você sabe, é que muitos daqueles nas classes dirigentes do Japão acreditam que, para se qualificarem como indivíduos cultos, eles devem ser ateus ou agnósticos no pensamento. A fim de realmente despertá-los para a realidade de Deus, devemos criar uma oportunidade para que eles experimentem milagres. É por essa razão que agora estou canalizando o Poder com que Deus me dotou e que está fazendo milagres acontecerem. Fico feliz em ver que finalmente meu trabalho está se tornando conhecido.

Deixe-me explorar esse princípio mais profundamente. O epítome da justiça é o próprio Deus e as formas mais baixas de maldade são as forças do mal. É da natureza de Deus desfrutar a felicidade do homem, enquanto é da natureza das forças negativas desfrutar do sofrimento do homem. Visto que depende da consciência do homem se ele pode ou não desfrutar da felicidade, é essencial que ele venha a compreender essa verdade nas profundezas de sua mente.

Pelo motivo acima, o homem nunca pode experimentar a verdadeira felicidade a menos que viva pelo princípio da justiça para todos. Afinal, a transgressão simplesmente não compensa. É por isso que digo repetidamente que os malfeitores são tolos. No momento em que são despertados para isso, sua sorte começa a mudar para melhor, e a mudança é muito rápida.

Porém, há uma condição para isso. Um indivíduo deve perceber que existem três tipos de justiça. Uma é aquela que está centrada no interesse individual e é um pequeno senso de justiça. A segunda é aquela que está centrada na sociedade e na nação, e é uma justiça intermediária ou média. A terceira é aquela que está centrada no mundo, na humanidade, e é a maior justiça de todas.

As duas primeiras – a estreita e a intermediária – não são a verdadeira justiça, mas apenas a pseudo-justiça; o último tipo sozinho – o grande tipo – é a verdadeira justiça. Por exemplo, a piedade filial ou lealdade para com o governante em última análise deriva do egocentrismo, então ambos são pseudo-justos. A verdadeira razão pela qual o Japão foi derrotado na Segunda Guerra Mundial, acredito, foi que o Japão lutou em seu próprio benefício. Nada além do grande senso de justiça que visa o benefício de todo o mundo pode trazer um estado de glória eterna. Essa é a verdade.

O mesmo pode ser dito da religião. O objetivo do nosso trabalho, como os membros sabem, é ajudar a estabelecer um paraíso na terra que seja livre de doenças, pobreza e conflitos, centrado no benefício de toda a raça humana. Então, estamos praticando a verdadeira grande justiça.

23 de dezembro de 1953