Quando observamos cuidadosamente o mundo de hoje, vemos muitos indivíduos infelizes. Por isso, embora já tenha escrito sobre boa fortuna (Nota do Editor: sorte), voltarei a escrever sobre o assunto, desta vez com mais profundidade.

Não houve nada no mundo, desde os dias antigos, que fosse mais desconcertante do que o problema da fortuna ou do infortúnio do homem. É inevitável que um indivíduo se ocupe desse pensamento desde o momento em que começa a pensar por si mesmo até o momento de sua morte.

Digo isso porque é o jeito do mundo que aquilo que um ser humano está mais ansioso por saber é geralmente o mais difícil de aprender. Esse conhecimento não é exceção à regra. Então, você não acha que seria uma grande bênção se isso pudesse ser revelado ainda que um pouco? Felizmente, os fatos básicos e fundamentais tornaram-se claros para mim e descobri, por meio da experiência real, que não há engano, por isso vou explicar com convicção.

Falamos de fortuna em geral, mas como todos sabem, não há nada mais vago e evasivo do que a boa fortuna. Esta, acredito, é sua natureza. Além do mais, não temos poder para fazer nada a respeito, então podemos deixar isso para o destino.

Alguém afirmou: “A vida é uma grande aposta”, o que foi muito bem dito. Assim, mesmo aqueles que são considerados grandes parecem aceitar seus destinos, embora não seja fácil para eles fazê-lo de todo o coração. Talvez o homem esteja destinado a viver sob a sombra dessa incerteza. O desejo ardente de boa fortuna permite-lhe trabalhar ativamente. Isso o faz quebrar o pequeno cérebro que tem e trabalhar e lutar constantemente até o fim de sua vida para ganhar dinheiro ou alcançar distinção. Talvez seja assim que a vida do homem deve ser. Visto que nada é mais evasivo do que a boa sorte, quanto mais se tenta apreendê-la, mais rapidamente ela escapa. O ditado “Demore o tempo necessário” é inteiramente pertinente.

Com base na minha longa experiência, posso dizer que costumava me sentir como se estivesse sendo ridicularizado pelo destino, pois muitas vezes pensei que poderia aproveitar a sorte facilmente, mas mesmo assim achava difícil alcançá-la. Sempre parecia estar pendurado na frente dos meus olhos, mas no momento em que estendi minhas mãos para tocá-lo, ele escapou do meu alcance. Quanto mais rápido eu o perseguia, mais facilmente parecia escapar de mim. Era realmente incontrolável! Mas eu sei que já peguei a mesma.

Ao tentar explicar isso, acho muito difícil, porque há coisas que são difíceis para as pessoas com pouco conhecimento do lado espiritual do mundo entenderem. Digo isso porque muitos indivíduos estão inclinados a julgar tudo superficialmente, sem ver o que está por dentro; isto é, eles não podem penetrar no núcleo. E a fonte de boa fortuna ou felicidade, de todas as coisas, está nesse âmago, a parte invisível. Sem saber disso, ninguém pode alcançar a verdadeira felicidade.

Quando o homem se move, seu corpo não o faz por sua própria vontade, mas é dirigido por sua mente. O mesmo princípio se aplica à boa fortuna; é a parte interna invisível que é importante. A superfície, o lado superficial é o mundo físico, e a parte interior é o mundo invisível do éter, que chamamos de mundo espiritual. É assim que o universo é construído, a maneira como Deus o criou. O mundo espiritual ativa o mundo físico, assim como a mente ativa o corpo e, em todas as questões, o reino espiritual tem precedência sobre o plano físico.

Portanto, a boa fortuna segue a mesma regra: uma pessoa pode se tornar afortunada somente quando seu espírito se tornou afortunado no reino espiritual. Sua condição ali se reflete no plano físico para torná-lo um afortunado neste mundo.

Agora, vou explicar o mundo espiritual em detalhes.

No reino espiritual, o sistema de classificação é mais estrito e imparcial do que no mundo físico. É dividido em três estratos; o superior, o médio e o inferior, sendo cada estrato subdividido em sessenta níveis, perfazendo um total de cento e oitenta níveis. O plano mais alto é o que geralmente é chamado de céu, o plano mais baixo é o que geralmente chamamos de inferno, e o plano do meio é o que chamamos de plano intermediário, que tem aproximadamente as mesmas condições que as do mundo físico.

Isso pode ser inconcebível para algumas pessoas. No entanto, é a verdade. Isso foi provado para mim por minha própria investigação longa e completa sobre a relação entre o reino espiritual e o mundo físico, e eu vim a conhecer seu estado exato em sua profundidade, então não pode haver espaço para erro. Existem inúmeras pessoas que alcançaram a boa fortuna e a verdadeira felicidade expressando fé nesse princípio e vivendo-o ativamente. Eu mesmo sou um deles. Você perceberá facilmente como isso é verdade olhando para mim objetivamente, pois agora estou vivendo nas circunstâncias mais afortunadas.

Deixe-me dar um passo adiante e explicar esses diferentes níveis. Enquanto o corpo físico do homem vive no mundo físico, seu eu espiritual reside no reino espiritual, em um dos cento e oitenta níveis. Sua posição não é estacionária, entretanto; ele se move constantemente para cima ou para baixo, dependendo do grau e da quantidade de suas boas ações ou da falta delas. Este movimento se reflete no plano físico, influenciando o destino do indivíduo físico. Portanto, o homem deve fazer o máximo para elevar a posição de seu eu espiritual.

A parte mais baixa do reino espiritual é a área referida como inferno, um pandemônio cheio de todos os tipos de agonia, como doenças, pobreza e conflito, onde todos os tipos de espíritos malignos estão trabalhando ativamente, um mundo completamente escuro, onde há não há luz alguma. A parte mais alta é o céu, cheio de Luz, um mundo ideal de saúde, abundância e paz. O estrato central não é extremamente bom nem ruim. Quanto mais alta a posição de um ser, melhor se torna seu ambiente.

O estado exato do ser espiritual de cada indivíduo no mundo espiritual reflete no seu físico, decidindo sua sorte aqui, então é óbvio que a elevação do ser espiritual no reino espiritual é fundamentalmente essencial para a obtenção da verdadeira felicidade. O estado real de todos neste mundo nos diz o quão verdadeiro isso é. Frequentemente ouvimos falar de alguns indivíduos que cresceram em suas circunstâncias de modo que são invejados por muitos e se sentem exultantes com isso, e então falharam repentinamente e retornaram às suas condições originais de pior qualidade, apesar de suas expectativas de sucesso continuado. Suas quedas podem ser atribuídas à ignorância das verdades espirituais e à dependência excessiva do poder humano. Essas pessoas também tendem a maltratar os outros e a se esforçar. Em consequência, eles podem ter sucesso em um grau considerável na superfície, mas seu eu espiritual está no nível espiritual mais baixo, o inferno. A condição de suas contrapartes espirituais se reflete inevitavelmente em seus seres físicos, de acordo com a lei do espiritual precede a matéria.

As coisas espirituais têm peso, assim como as coisas materiais, e os seres mais pesados ​​caem para níveis mais baixos, enquanto os seres mais leves sobem para os mais altos. O que os antigos chamavam de fardo do pecado é correto, pois as más ações tornam o corpo espiritual do homem turvo e pesado, enquanto as ações virtuosas o purificam, tornando-o mais leve para que o ser espiritual possa ascender. Portanto, o homem deve evitar todo o mal e fazer apenas as boas ações, purificando ainda mais o corpo espiritual, tornando-o mais leve. Este é o segredo para alcançar a verdadeira felicidade e boa fortuna. Esta é a verdade e afirmo que não há outra forma de atingir estes objetivos.

Tenho certeza de que você entende esse princípio, mas colocá-lo em prática não é tão simples quanto pode parecer. No entanto, há uma maneira de tornar isso fácil, e é por meio de uma fé genuína em Deus. Portanto, gostaria de encorajar todos os que desejam alcançar a felicidade e a boa fortuna a trilharem fielmente o verdadeiro caminho espiritual.

3 de fevereiro de 1954